Criada
por Michael Schur
Com Kristen Bell e Ted Danson
Olá, queridxs!
Até agora
venho trazendo aqui meus olhares sobre filmes não necessariamente Blockbusters
e não necessariamente hollywoodianos e pretendo, futuramente, abrir mais ainda
este leque no que concerne aos filmes estrangeiros (pensando em alguns...
Sugestões? Só os do Almodóvar fariam uma lista de pirar os neurônios! Os filmes
dele são muito conhecidos, mas acredito que há toda uma nova geração que ainda
não teve o inquieto prazer de assistir esse material).
Mas o
assunto de hoje não é o Almodóvar, não são filmes estrangeiros. São séries.
Mais precisamente uma série que me chamou muito a atenção semana passada (tanto
que já detonei a primeira temporada, sem pena). Porque foi aquela série que
ninguém me recomendou, eu não estava procurando nada para escrever sobre,
estava apenas procurando na Netflix o que assistir mesmo. Mas a mão coçou e
pediu para que The Good Place
ganhasse um post e inaugurasse as postagens sobre séries.
(Temos aqui quase
nenhum spoiller, ok? Prometo. E é tudo coisa que aparece logo no piloto e no
segundo episódio).
The Good Place foi/é produzida por Michael Schur e
estreou pela NBC em setembro de 2016. No Brasil e em Portugal as temporadas 1 e
2 estrearam simultaneamente na Netflix neste dia 21 de setembro, com novos
episódios semanalmente.
Depois que
Eleonor Shellstrop (Kristen Bell) é atingida e morta por um reboque
transportando um quadro de avisos com propaganda de produtos para disfunção
erétil, acorda e descobre que está na vida após a morte.
Mas quando
ela é informada pelo arquiteto e projetista Michael (Ted Danson ) que foi
selecionada para viver no "Lugar Bom" porque ajudou a tirar muitos
inocentes do corredor da morte, ela percebe alguma coisa está errada, pois as
pessoas a estão confundindo com outra mulher de mesmo nome. Agora ela precisa fingir
ser a Eleanor que deveria estar ali e, ao mesmo tempo, se tornar
verdadeiramente uma boa pessoa para merecer ficar no “Lugar Bom”, sob pena de
ser desmascarada e levada para o “Lugar Ruim”.
As coisas
podem ficar ainda mais complicadas porque a sua presença no "Lugar
Bom" começa a causar problemas, como uma série de “falhas no sistema”, que
se manifestam quando Eleanor se comporta de maneira egoísta ou mesquinha. Esses
problemas logo chamam a atenção de Michael, que inicia uma investigação com a assistência
de Janet, um tipo de sistema operacional absurdamente desenvolvimento que
contém todo o conhecimento do universo e tem capacidade de prover os habitantes
do “Lugar Bom” de qualquer demanda que eles venham a ter: roupas, livros,
comidas específicas, como... sei lá, frango xadrez e vinho chileno.
Aliás, o “Lugar
Bom” projetado por Michael parece uma pequena vila europeia, mas com muitos
estabelecimentos de Frozen Yogurt (?!) na praça central. Todos moram próximos
uns dos outros, em casas construídas de acordo com os gostos de cada morador. O
dia é sempre ensolarado, as noites são de céu limpo. Não há chuva ou mesmo
tempo nublado no “Lugar Bom”. Ou neve, ou muito vento. Também não há
necessidade de carros porque todos conseguem chegar a qualquer lugar a pé e
também porque a todos será possível, no seu devido tempo (uns mil anos, mais ou
menos...) aprender a voar. Quer dizer, é um lugar que se propõe perfeito para
receber pessoas que, sabemos, por mais bondosas que tenham sido em vida, são
imperfeitas...
Mas todo
mundo anda por aí feliz e satisfeito, como se estivessem tomando doses
cavalares de prozac. Mas a razão de tanta felicidade pode ser também porque no “Lugar
Bom” você sempre encontra a sua alma gêmea. E isso traz mais um problema a
Eleanor quando ela é apresentada à sua suposta alma gêmea: Chidi, o inseguro e
corretíssimo professor universitário de filosofia, moral e ética. Temos então
os elementos que se combinam para nos oferecer uma comédia de fantasia que se
aproveita de questões universais e atemporais sobre a morte e a possibilidade
de uma vida pós-morte para trazer, com humor e leveza, uma reflexão sobre a
vida e a condição humana.
“The Good Place”
vai nos mostrar o esforço de uma mulher que em vida foi medíocre, egoísta e
invejosa em se regenerar. De início, seus motivos são igualmente egoístas: ela
quer evitar uma eternidade de sofrimentos no “Lugar Ruim” (e essa motivação
inicial de Eleanor é responsável por boa parte das cenas cômicas que ela cria).
Mas, aos poucos, Eleanor se percebe praticando boas ações de modo
desinteressado, pensando sinceramente no outro, e criando vínculos afetivos com
as pessoas. E o interessante é que o aprendizado dela não é como um gráfico com
a seta apontando para cima o tempo todo. Ela vacila, diz besteiras, pensa em
tirar proveito de determinadas situações...
Mas também demonstra uma grande vontade de aprender a ser alguém
moralmente melhor. E então vamos entendendo que Eleanor não é uma pessoa extremamente
ruim. Nem extremamente boa. Ela é humana, somente. Não é (ou foi) das melhores,
não, verdade. Mas, ainda assim.
E é a partir
dessa dimensão humana de Eleanor que a série faz uma crítica importante a essa
tendência que muitas vezes temos de “polarizar” pessoas como “boas” ou “más”. “The
Good Place” também nos mostra como a amizade pode ser um valioso motivador na
busca da melhor versão de nós mesmos. Os vínculos afetivos que ela estabelece
são fundamentais na sua regeneração, pois quando ela começa a perceber que se
importa com o bem-estar de outras pessoas (principalmente Chidi, o primeiro a
tornar-se cúmplice no fingimento de Eleanor), começa também a parar de pensar
apenas em si mesma.
“The Good
Place” é uma ótima pedida para você relaxar um pouco e rir muito, seja sozinho,
com a família, o namorado ou namorada... Porque você não vai apenas se
entreter, você vai se entreter com um material que trabalha com um humor
inteligente e que te convida a refletir um pouco sobre o que é importante nesta
vida em que estamos agora, neste momento.
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Abaixo você confere o link para o trailer de "Good Place".