Direção: Zack Snyder
Roteiro: Christopher Nolan e David S. Goyer
Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Kevin Costner, Diane Lane, Laurence Fishburne e Russell Crowe
Desde que estreou Liga
da Justiça (2017) venho pensando esses novos filmes DC, e então me lembrei
de Man of Steel (Homem de Aço, 2013)
e de como foi esperado, de como vibramos quando saiu o trailer oficial e... De
como dividiu opiniões após a estreia.
Man of Steel não é
apenas o tão esperado reboot da saga cinematográfica de Superman – ainda mais
depois do fiasco de Superman, o Retorno
(2006) – , ele também marca o início do Universo Estendido DC, que foi seguido
das produções cinematográficas Batman vs
Superman: Dawn of Justice (Batman x Superman: O Despertar da Justiça,
2016), Suicide Squad (Esquadrão
Suicida, 2016), Wonder Woman (Mulher
Maravilha, 2017) e Justice League
(Liga da Justiça, 2017). E virá mais...
A impressão geral, ao menos no Brasil, é de que este
Superman não atendeu às expectativas. Na realidade, entre críticas
especializadas e público, houve quem amou, quem odiou, quem adorou alguns
aspectos, mas outros nem tanto... As reações foram das mais diversas.
Interessante como adaptações parecem ter essa capacidade de despertar
diferentes e contraditórias respostas...
No entanto, a produção fez bons números: nos Estados
Unidos arrecadou mais de 628 milhões de dólares. Só no Brasil ultrapassou
a marca dos 125 milhões (de dólares!). Considerando que o orçamento foi de U$$
225 milhões... Não está mal, não é?
Vamos falar um pouco sobre Man of Steel; e sobre este esperado retorno às origens. Esta é a
primeira parte do post, que vai falar sobre a reinvenção de Krypton e o perfil
deste Superman.
- Krypton: o planeta do militarismo e da biotecnologia
Man of Steel
reconta a origem de Kal –El e nos mostra um planeta Krypton extremamente
avançado em tecnologias biológicas e militares, sofrendo ameaças de um golpe
pelo oficial superior de Forças Armadas, o implacável General Zod, ao mesmo tempo em
que sofre um grave problema de esgotamento de recursos naturais.
Você percebe um lugar um tanto escuro, mas bastante
sofisticado e funcional, com uma tecnologia orgânica de ponta (os programas de
computador são uma espécie de híbridos, como a base de reprodução kryptoniana,
que parece um organismo vivo e autônomo) e grandes animais (alados e terrestres) como meio de
transporte, parecidos com dinossauros, ou dragões sem escamas.
Somos então, no primeiro ato do filme, introduzidos a um
planeta Krypton com recursos naturais exauridos, em vias de testemunhar a própria
extinção e com autoridades políticas alienadas de si mesmas o bastante para decidirem
não enxergar as implicações do que está por vir. E não fazer nada.
O único a compreender a gravidade da situação foi quem a
descobriu: Jor-EL, representante da Casa de El (cujo símbolo estampado no peitoral do uniforme de Superman significa “esperança”).
Jor-EL e a esposa Lara conseguem
enviar o bebê Kal-El para a Terra, mas antes de Lara ativar o lançamento da
cápsula, Jor-El insere no corpo do filho o material do códex de Krypton, que
contém toda a matriz genética do planeta (isso não é spoiler, eu acho; se for é só um pouquinho porque acontece bem no início do filme... né?).
Este ato de Jor-El torna o filho dotado de múltiplas
possibilidades. Kal-El já era singular por ter sido o primeiro bebê kryptoniano
concebido de forma natural em séculos. Agora ele torna-se também a personificação
da ideia de que podemos ser o que quisermos, pois já temos a centelha do que
queremos vir a ser. Com Kal-El, é selado o fim do sistema kryptoniano de
reprodução programada de acordo com castas até então em vigor.
Man of Steel traz
um questionamento interessante, semelhante ao
do livro “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley (1932). Ambos trabalham as consequências
da escolha de um povo em investir na reprodução artificial e programada como medida de controle de natalidade e busca de perfeição social, onde cada criança já nascia destinada a uma
casta e função específicas.
Fico aqui imaginando: se Krypton era um planeta que
valorizava tanto o poder cientifico quanto militar, seria ele uma metáfora da
possibilidade de uma "Terra do Futuro"? (com direito a golpe militar
e esgotamento de recursos naturais?).
- Bem-vindo, Superman!
Kal-El na Terra se torna Clark, o filho adotivo de Jonathan e Martha Kent. Entra na vida adulta sem chamar atenções para si, mas as inserções de flashbacks nos mostram as dificuldades em esconder seus poderes e encontrar explicações sobre sua origem.
E sendo um filme de origem, temos muito de Clark antes de se tornar Superman, viajando anônimo e desaparecendo em meio a ocupações comuns pelas cidades onde chega. As andanças de Clark são suas buscas por si mesmo, por evidências de seu planeta e de seu propósito.
Percebo a construção de um herói mais complexo e com conflitos internos mais bem desenhados. Percebo o herói impulsivo, desde criança manifestando o desejo de ajudar os outros sem importar-se com as consequências de ser exposto (era trabalho de Jonathan Kent lembrar-lhe disso). Mas vejo também o impulso da raiva diante de injustiças; a vontade de revidar, “dar o troco” naquele que o provoca em público gratuitamente.
Então, já trajado com o uniforme de capa vermelha, ele parece não se preocupar muito com a destruição de toda uma cidade em meio aos (infindáveis...) confrontos com Zod e seus homens. É um traço do Superman que a gente pode verificar em algumas animações da Liga da Justiça e HQs, mas está sendo novidade no cinema.
Nesse ponto ocorre um distanciamento do imortal Superman (1978) personificado em Christopher Reeve, predominantemente doce, afável, equilibrado e sensato, do tipo que resgata o gatinho da vovó de do alto da árvore do quintal.
Man of Steel traz um Superman mais próximo do deus, e de um deus bem singular, com traços de combate e militarismo kryptonianos e, ao mesmo tempo, imbuído de referências a Jesus Cristo, que é considerado um deus de amor e misericórdia.
(espera só um bocadinho que a parte II desse post vai sair daqui uns dias!)
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