Segunda feira, 08 de janeiro de 2018 foi o dia em que (só por dentro, porque eu estava um uma virose do inferno) dei uns 500 pulos de alegria. Minha querida Netflix notificou que a 4ª temporada de RITA vai estrear neste dia 15!
Se você conhece a RITA sabe muito bem o tamanho da minha
alegria. Se você (ainda!) não conhece a RITA, deixa eu te falar um pouco sobre
ela.
Quem é RITA?
RITA: Série dinamarquesa de Christian Torpe, protagonizada por Mille Dinesen
RITA me conquistou logo no piloto. E os motivos são muitos.
Ela é linda, independente, inteligente, irreverente, complexa, contraditória,
sarcástica, estúpida, imprevisível, corajosa, verdadeira, apaixonante e
absurdamente humana.
É professora do Ensino Médio. É mãe divorciada de três
filhos (mais conservadores do que ela). Fuma muito. Tem problemas com bebida. E
com pessoas. Todas as pessoas que não são seus alunos.
É a personagem dos
sonhos de qualquer roteirista.
Rita e familiares: mãe, filhos e nora
A série dinamarquesa mostra o cotidiano de RITA no trabalho
e na família; os desafios que estas duas instituições lhe trazem e as saídas
nem um pouco convencionais que ela costuma encontrar. Nesse entremeio, os altos
e baixos de sua vida amorosa ganham destaque.
RITA parece uma força da natureza. Ela quebra tudo o que é
frágil, mas insiste em existir sem fundamento: padrões, normas, autoridades,
hipocrisias, mas também consegue machucar as pessoas que ama quando falha em
conter os ímpetos mais egoístas (e autodestrutivos). E isso acaba tornando-a ainda
mais envolvente porque mostra que estamos acompanhando a jornada de uma heroína
que, acima de tudo, é um ser humano cheio de falhas, e de força.
O ambiente de trabalho de RITA é pano de fundo para abordar
questões polêmicas de modo realista e sensível: bullying, preconceitos de
raças, de condições econômicas, doença mental, aborto, drogas, aborto, relações
de poder.
A câmera é ágil, quase na velocidade das falas. Estas por
sua vez, são sem precisas. Os movimentos de câmera combinados com a clareza e
naturalidade dos diálogos dão o ritmo da série, onde, no fim das contas, nada
de muito extraordinário acontece, ao passo que inúmeras pequenas nuances de
verdades humanas saltam ao nosso olhar, como tudo o que há de belo e temível
nelas.
A luz é fria, mesmo de dia e em externas, o que dialoga com
o distanciamento (muitas vezes adicionado de um humor negro) dispensado às questões
mais delicadas, como traição ou homofobia. Óbvio (mas ainda assim interessante)
que, em consequência, acaba criando compatibilidade com o clima predominante frio
da Dinamarca.
Temos, então, uma atmosfera fria, distante e sarcástica
entre os personagens que dialoga com o clima frio do lugar com em formato de
crônica de costumes, com direito a alfinetadas certeiras, elegantes e
providenciais a diversas convenções sociais impregnadas de valores machistas e
conservadores.
Uma das críticas dessa natureza, e recorrente nos episódios,
é em relação à intensa vida sexual de RITA. À personagem, é natural ir sozinha
a um bar e abordar um homem que ela já sabe que não verá novamente. Por isso, a
professora é considerada “vadia” por homens que praticam o mesmo hábito,
inclusive aqueles que, na intenção de vê-la novamente, não sabem lidar com um ”não,
obrigada, foi só essa vez, mesmo”. Rita é uma mulher empoderada, e não permite
que ninguém a faça sentir vergonha disso.
Rita e os colegas de trabalho
Os outros personagens são igualmente bem construídos. A
professora novata, jovem e idealista Hjørdis, que aos poucos se torna a amiga
mais próxima e afetuosa, o diretor Rasmus, cuja inseguranças como profissional
e amante criam disparidades diante da personalidade forte de Rita, o colega
ex-diretor, de comportamento parecido com o dela, que a provoca e gera uma
tensão que é gostosa de acompanhar, todo o casting da produção foi muito bem
escolhido e tem sido muito dirigido com muita excelência, inclusive as crianças
e adolescentes da escola, cujo desempenho não deve em nada aos mais
experientes.
A abertura mostra Rita pegando um longo fio preto de lã e entrelaçando
nos dedos das mãos, como numa brincadeira típica de crianças popularmente
conhecida como “cama de gato”. A medida que Rita entrelaça os dedos na linha,
imagens vão surgindo, representando os aspectos da vida de Rita “entrelaçados”,
confundidos, forjados e desfeitos entre sua casa e seu trabalho (tem um caso
com o diretor, o filho estuda na escola onde ela trabalha, chegou a se envolver
com o pai de uma aluna...), até finalmente o longo fio forma as letras do seu
nome.
Abertura de RITA
RITA inspira. É uma produção de dar gosto de assistir e
falar sobre. É para deleite de olhos e ouvidos. E boca!
Então espero que você tenha oportunidade de conhecer RITA e, assim como eu, se apaixonar...
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